sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Melancolia


Uma expectativa, um sonho, uma escolha ainda não tomada. Bilhões de pessoas e apenas uma faz com que o ar torne-se rarefeito e que lágrimas escorram pelo seu rosto vagarosamente. Tantos caminhos, tantas escolhas, tantas possibilidades de um final menos dramático e masoquista. O mundo gira, nada muda. A melancolia continua a mesma, nada tem sentido. E definitivamente não existem possibilidades de algo fazer sentido.

O tempo continua passando e o medo torna-se maior a cada minuto. E isso acaba sendo irracional por algum ponto científico; ou mesmo por uma pessoa sã. A esperança passa a motivar seu coração a continuar pulsando.
Nada está certo.
Você apenas espera que os dias passem, a esperança não se mostra forte o suficiente para que algo mais seja esperado de um dia.
São dois mundos tão diferentes, tão distantes que te fazem desistir. Ou pelo menos pensar nessa possibilidade.
O racional e o irracional se misturam, tornando-se uma única coisa. O certo e o errado, a alegria e a tristeza, o claro e o escuro. O medo e a euforia.
Seus olhos acabam ficando vermelhos, sem você ao menos sentir. O pulsar do seu coração torna-se ainda mais acelerado e o chão parece não existir.
Um suspiro quebra o profundo silêncio na espera de um novo dia. E mais uma vez você só espera por mais um dia.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Vício.


A vida ganhou outra perspectiva. Os sonhos mudaram. E agora são mais difíceis de se realizarem.

Mas mesmo assim, você luta. Seu sonho não pode simplesmente ser deixado de lado. Não com tanta facilidade.
Lágrimas passam a escorrer em seu rosto com uma frequencia inacreditável, o tempo não anda a seu favor. Seu pensamento volta-se a todo momento para uma única pessoa. Um único ser que fez com que você se transformasse. A facilidade com que você aliena-se surpreende até mesmo você. O fio que te conecta ao mundo é desligado. O sonho é bem melhor que a realidade. É mais doce. É mais reconfortante.
Você já não é o mesmo.
Uma outra pessoa passa a controlar suas emoções e a irracionalidade disso te irrita. Você não queria que fosse assim. Mas é mais forte que todas as suas forças unidas. É mais forte que tudo, supera tudo.
E essa não é a única irracionalidade. Definitivamente tudo está errado. Nada faz sentido, nada é racional. Mas é mais forte que você.
O que você mais temia que acontecesse aconteceu. E você se vê dominado pela droga do amor.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Ironia


Sua mente encontra-se em estado de transe profundo, seus pensamentos se encontram em um ponto em comum, um nada, uma escuridão sem fim, um caminho sem volta, onde você não tem direção, você nem ao menos é capaz de enxerga-la. Ou ter algum ponto de referência para voltar ao seu estado mental normal, mas quanto mais tenta, mais a escuridão te envolve. O medo acaba cedendo seu lugar para o pavor, cuja intensidade é maior que os gritos em sua mente. Gritos esses que te atormentam profundamente, que atingem seu ponto de fraqueza. Cada célula humanamente fraca do seu corpo se agita, como resposta a alguma pré-reação que seu sub-consciente criou. Sua voz encontra-se extremamente fraca, sendo impossível ouvi-la a trinta centímetros de distância. Você não sabe se seus olhos estão abertos ou fechados, a única coisa que vê é a escuridão que vai adquirindo formas de acordo com o tamanho do seu pavor.
Seu coração continua pulsando, ele já está vazio. Nada é capaz de preencher o espaço oco localizado exatamente no centro dele, e que te causa a estranha sensação de que você está incompleto.
Sua mente continua imersa em pensamentos que não te levam a progresso algum, só fazem com que seu coração tenha menos forças para continuar batendo.
Não existe mais chão. O ar começa a se tornar rarefeito e seu fôlego vai acabando aos poucos. Os gritos tornam-se insuportavelmente fortes, causando-lhe mais uma dor. Física e psicológica.
Você não anda, não corre, não flutua, não voa. Apenas locomove-se. O ar passa a ser mais abundante e consequentemente seu coração bate com mais intensidade e rapidez. Mas os gritos continuam em sua mente, atormentando-o. Algo como uma brisa toca levemente seu rosto, causando uma estranha sensação de alívio.

Seus olhos abrem-se lentamente. Você olha para o lado e descobre que o alívio não veio de uma brisa, mas sim de seu sub-consciente que conseguiu detectar que alguém que te ama estava ao seu lado, fazendo o possível e o impossível para manter seu coração oco e fraco batendo.
E todo o esforço para que seus olhos abrissem é perdido quando a pessoa que esteve ao seu lado delicadamente encosta seus lábios aos seus, fazendo seus olhos fecharem-se novamente.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Inexplicável e incompreensível



As coisas nunca acontecem quando, da maneira, nem demoram o tempo que queríamos. Simplesmente acontecem, no seu tempo e na sua maneira. E a única coisa que podemos fazer é aproveita-las de alguma forma. Nada é em vão.

[minha opinião]O acaso não existe. Tudo o que acontece tem um porquê e pode ser usado de alguma maneira em nossas vidas. Até as piores coisas imagináveis.
O tempo nunca foi e nem será nossa maior aliado. Quando queremos que ele passe o mais rápido possível, os ponteiros do relógio parecem rirem de nossas caras ao invés de girarem. E quando queremos que as coisas durem por muito tempo, ele simplesmente parece pular horas.
Mas para que apressar o tempo, se o seu é limitado? Para que esperar que o tempo passe para fazer alguma coisa? Você nunca sabe o que vai encontrar quando virar a esquina. Aí já pode ser tarde para voltar atrás e fazer o que você tinha deixado para amanhã.
Faça o que tiver vontade, desde que não machuque alguém. Não fique pensando muito em o que fazer nem faça nada sem pensar. Lembre-se sempre, que toda a ação tem uma reação. Não só na física, como em nossas vidas.
Valorize acima de tudo quem está do seu lado te apoiando, independentemente de tempo, lugar e maneira. Não cometa o erro de perceber e valorizar quem realmente te amava quando essa alguém partir.A grande maioria dos seres humanos só sabem dar valor quando perdem alguém.
E é por essas e outras, que quanto mais eu conheço o ser humano, mais eu amo os cachorros.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Quando a realidade vira pesadelo


Palavras limitam demais sentimentos. Limitam vidas. Mas é a melhor forma de tentar se expressar quando 9/10 do mundo vira as costas para você. Os outros 1/10 têm problemas demais, e você não quer e nem pode atormentá-los com mais um. Que vale por mil.

As coisas não aconteceram conforme o esperado. Tudo ficou fora de controle e somente sua força de vontade não foi suficiente para superá-las. Sua mente se mantinha ocupada pensando em o que fazer, enquanto seu coração já sabia muito bem qual caminho seguir. Mas é tão difícil escolher entre a razão e a emoção que você acaba de frente a um precipício que a cada passo que você avança suas escolhas ficam ainda mais limitadas e fica cada vez mais difícil voltar atrás.
Você sente o mundo dizendo um, dois, três 'nãos' para você. Uma cápsula invisível se forma em torno de você, impedindo que as pessoas se aproximem. Ninguém se importa verdadeiramente com você. A sua vida ou a sua morte significam o mesmo para as pessoas que você ama. Para as pessoas com quem você aprendeu a viver de uma forma tão mais intensa e simples.
As horas demoram o dobro, o triplo do tempo para passar. E a única coisa que você quer e se livrar desse pesadelo sem fim que parece piorar a cada instante.
Você se depara com escolhas que não eram para serem escolhas. E que quando você se decide em qual fazer, não pode mais voltar atrás. E se voltar, as coisas nunca mais serão da mesma forma que antes.
As coisas que você mais temia que acontecessem acontecem, todas, de uma única vez.
E a dúvida permanece em sua cabeça, pulsando cada vez mais forte. A única certeza que você tem é que alguma coisa tem que ser feita. Enquanto você não sabe o que fazer, a dor, o sofrimento e a angústia vão te deteriorando. Vagarosamente.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Eternizado


Os sonhos acabaram e os planos foram despedaçados. E eu não, não posso juntar os pedaços. Minha mente se mantém ocupada fixando seu sorriso em mim. Seu olhar alucinógeno me traz as melhores lembranças que se pode ter. Ah, a esperança. Até ela se foi, junto com o seu doce perfume.
O brilho ofuscante que você trazia junto de si nunca será apagado das minhas mais belas lembranças. Esquecê-lo é mais difícil que apagar o brilho de todas as estrelas. Uma por uma.
Seu abraço envolvente e reconfortante foi eternizado em mim.
Suas belas e simples palavras formando planos e criando esperanças maravilhosamente
encantadores se recusam a serem esquecidas.
E isso é o que mais dói.
Saber que você está apenas em minhas lembranças e não ao meu lado.
Que o brilho das estrelas contraria a Ciência e vai ficando mais e mais forte. Sendo ainda mais difícil esquecê-lo.
Ter que aceitar que não posso mais sentir seu delicioso perfume e ouvir suas palavras calmantes.
Ter que entender que a esperança é irracional, inconsequente e absurdamente masoquista agora.
Dói saber que o crepúsculo ao seu lado não passa de um sonho. O mais doce e encantador dos sonhos.
Sonhos.Eternizados em mim.

I miss you


Ainda não consigo entender. Você faz tanta, mas tanta falta .. Seu sorriso contagiante, suas lembranças de um passado distante. Tudo me fazia tão bem!
Não pude te dar todo o amor que merecia. Não dei atenção necessária. E esse peso vai ficar em mim até o meu último segundo de vida.
Suas belas e sábias palavras fazem tanta falta quanto seu olhar sincero e reconfortante.
Continua sendo difícil acreditar.
Que não verei mais seu sorriso e não sentirei seu carinho, afeto e ternura. Que seus olhos estão fechados para a eternidade, sendo impossível que o brilho em seu olhar se espalhe novamente. Que suas palavras foram caladas pela vida. Não é fácil entender, muito menos aceitar. Que você se foi para nunca mais voltar.
E agora faltam-me palavras para expressar o quão grande continua sendo o meu carinho, amor e respeito por você. Por esse exemplo maravilhoso de pessoa, vó !
Tentar colocar em palavras suas inúmeras qualidades chega a ser um insulto. Palavra nenhuma conseguiria expressar o que você era e continua sendo em minhas lembranças.
Vó. Exemplo de luta, superação, respeito e amor; eu sinto sua falta.
E onde quer que você esteja, saiba que eu te amo e admiro muito, muito.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Medo

Por mais que 'medo' pareça mais uma encanação infantil, todos temos medo de alguma coisa.(todos sim, a diferença é que tem pessoas que não admitem ¬¬). Acredito que o medo seja fundamental na vida de todo e qualquer ser humano. Por mais que tentemos nos mostrar fortes o bastante para enfrenta-lo, raramente obtemos sucesso; e isso talvez seja porque não acreditamos que somos capazes de sermos mais fortes que o medo. E isso, é um grande absurdo, deixarmo-nos dominar por um sentimento! Tá, eu sei. Falar é fácil. Mas mesmo assim.
Quem nunca ficou com, nem que seja um pouco, de medo daquela corrente que não repassou? De ser traído? De fazer a coisa errada? De perder a confiança de alguém? De mentir e ser desmacarado? De algum animal? De algum mito ou lenda? Do escuro? De pegar uma doença grave? E o pior de todos. Quem nunca teve medo de morrer?
Acredito que a morte seja a coisa mais 'fantástica' da vida. Não, não, eu não quero morrer nem acho bonito quando alguém morre, muito pelo contrário, choro muito, e fico mal, mesmo se eu nem conhecesse a pessoa, ou a coisa que morreu. Acho 'fantástico' porque inspira muito poetas e escritores, cientistas, religiosos, e, de certa forma, todos nós. Todos em busca de uma única coisa: a morte realmente é o fim? O que acontece durante e depois da morte? Ninguém até hoje tem uma teoria exata sobre isso.
Talvez seja por isso que temos tanto medo de morrer. Temos medo do desconhecido. Medo do que iremos encontrar.
O medo também é fundamental para a vida. Sem ele, não teríamos aquela sensação de vitória quando conseguimos superar algo que antes era considerado como 'medo'. Sem o medo, a vida seria uma desgraça. Não que ela seja uma maravilha para todos, mas imaginem, ninguém com medo de nada. Todos iriam fazer o que bem entenderem sem o 'medo' das consequências. Sim, existem pessoas insensatas que definitivamente não tem medo das consequências. Um serial killer por exemplo. Não tem medo das consequências catastróficas que podem acontecer com ele. Apesar de que, seriais killers são considerados como psicopatas. Psicopatas não usam a mente para cometer seus atos. Psicopatas são doentes e precisam de tratamento.
Então, por maior que seja o seu medo, tente superá-lo. Se não conseguir, busque ajuda. Mas se lembre que o medo é fundamental na vida e sempre estará ao seu lado.

sábado, 11 de julho de 2009

Morte

Meus gritos abafados pelo silêncio incomparável e inexplicavelmente torturante. Minha respiração ofegante devido a alguma matéria estranha no ar que eu inutilmente tentava inspirar. O nada, o vazio, um corredor sem fim. Não era nem escuridão nem claridade, nem branco nem preto. Era algo que eu nunca tinha nem se quer imaginado. As lágrimas que escorriam dos meus olhos pingavam no chão fazendo uma espécie de barulho estranhamente hipnotizante. Agonia.

Minha vida passava pela minha cabeça como em um filme. As pessoas. Vivas ou que já haviam morrido não estavam mais em minha imaginação, andavam em círculos ou algo parecido na minha frente. Diziam palavras que não faziam sentido algum, e me atravessavam. Por isso, deduzi que eu estava invisível. Era como um sonho. Ser invisível! Mas aquela altura o que eu mais queria era poder ser visível e que meus gritos não fossem mais abafados por algo que eu não podia ver.
Aquilo não se tratava de um simples pesadelo. Era real demais. O medo tomou conta de mim, comecei a correr sem rumo, sem saber onde chegar. Quanto mais eu corria, maior se transformava o desespero. Sentei e tudo pareceu se acalmar. Foi quando eu não aguentei mais, e meus olhos se fecharam. Para sempre.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Cada vez mais (final)

Eu fui além das minhas expectativas. Nunca pensei ser capaz de chorar tanto. Isso era...era...Cara, isso era algo que eu não conseguiria aguentar. Seria demais. Eu ainda conhecia meus limites, e isso ultrapassaria todos eles.
-Ele vai morrer.
Isso foi a última coisa que eu lembro ter sido pronunciada por mim. Depois acordei deitada na minha cama e ele estava sentando ao meu lado. Não deixei ele perceber que eu havia acordado, queria entender o que ele ainda fazia ali. Percebi que ele estava totalmente concentrado em cada movimento que eu fazia, talvez com medo de que alguma coisa acontecesse comigo. Acho que ele atribuiria a culpa a ele mesmo. Era hora de 'acordar'.
-Que horas são ?
-Ah, você acordou. Pensei que ficaria desmaiada por mais um bom tempo. Mas se ficasse, eu a levaria ao hospital, e sei que você não iria gostar disso.
-Não, não mesmo.
-Você dormiu por quatro horas, eu acho.
-E você ficou aqui todo esse tempo?
-Sim, fiquei. Eu não seria louco a ponto de te deixar sozinha aqui, no estado em que você estava.
-Perdi quatro horas dormindo sendo que poderia estar ao lado do se irmão. Por favor, me leve para sua casa. Eu preciso vê-lo.
-Isso não seria bom para nenhum de vocês dois.
-Por favor...
Ele concordou com meu pedido. Estava com pena de mim, pude ver isso em seus olhos. Olhei no relógio, três horas da manhã. Não era o horário mais propício a uma visita, mas as horas, o tempo, não andavam a meu favor. Tinha que ser agora. Troquei de roupa, o mais rapidamente possível. Quando desci, ele já me esperava na porta do seu carro.
Foi a viagem mais longa que eu fiz em toda a minha vida. O trajeto, medido em horas, era de pouco menos de quinze minutos. Mas o tempo podia ser comparado a uma viagem de duas horas. Piscicologicamente, já eram seis horas perdidas.
Finalmente chegamos. Apenas a luz do quarto dele estava acessa. Ele ainda estava acordado. Ou já...Não importava.
Fui correndo para o quarto dele. Não fazia a mínima ideia de qual seria a reação dele, nem mesmo a minha.
A porta estava encostada, o computador ligado, tudo exatamente igual a duas semanas atrás.
-Agora eu sei de tudo.
-Sabe de tudo? Tudo o que? O que você estava fazendo aqui? A essa hora?
-Seu irmão me contou o que você tem. Eu precisava te ver. Não sei até quando vou poder te ver. -as lágrimas foram tomando conta de mim. Talvez eu seja mesmo uma emo e ainda não sei...
Ele me abraçou muito forte. E começou a chorar junto comigo. Droga, droga, era verdade. Ele estava mesmo doente. Ele iria morrer.
-Eu não queria te machucar ainda mais. Eu te conheço, achei que essa seria a melhor saída. Para você. Para mim as coisas já estão no fim. Logo logo tudo vai acabar.
-Por favor não fale assim. Ainda temos algum tempo, e por mais curto que ele seja, podemos aproveitá-lo da maneira que quisermos.
-E depois? Eu vou morrer, será que você não entende?
-NÃO, EU NÃO CONSIGO ENTENDER. E será que você também não entende que eu te amo, além de tudo, e que nem a morte vai mudar isso?
-Você diz isso. Você vai achar outra pessoa que vai me substituir, e vai ser capaz de te fazer bem. Coisa que eu nunca consegui fazer.
-Não, ninguém vai te substituir. Acredite em mim, pelo menos uma vez. Você é muito mais que um ser humano que erra, que acerta. Você é em quem eu achei razão para viver. Você se tornou uma parte de mim, e nada vai mudar isso. Nem ninguém, nem nunca!
-Eu também te amo. Muito, vai além de tudo e todos. Você nunca será capaz de ter a mínima ideia. É mais que o infinito.
-E você ainda diz que alguém vai ter a capacidade de te substituir.
-Quer saber? Vamos viver o agora. Todos nós um dia iríamos morrer, a morte não é previsível na maioria dos casos. Eu faço parte de uma exceção. Eu te amo muito, muito, muito, muito, muito, infinitas vezes muito. Enquanto eu continuar respirando, eu te amo, eu te quero, eu preciso de você. Cada vez mais.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Cada vez mais (parte V)

Eu descobri que a minha vida ainda tinha algum sentindo. Mas que ele seria perdido em pouco tempo. Eu não podia fazer nada. Seria como uma parte de mim sendo levada. Como se não houvesse mais luz. Como se a vida virasse preto e branca.

Eu não estava entendendo. O que antes parecia estar fazendo sentido, bagunçou minha cabeça de novo. Como assim ? Milhões de possibilidades consideradas 'estranhas' para pessoas 'normais' passaram pela minha cabeça. Mas nenhuma delas chegou perto do que eu ouvi.
-Por favor, me explique melhor. - eu estava sendo o mais sincera possível - Por que você veio aqui ?
-As coisas, na maneira e no tempo que aconteceram...Não fazem algum sentido para você ?
-Sinceramente? Não. Nenhum.
-Olha, você foi ao shopping com seus amigos, e o encontrou lá, por 'coincidência'.
A forma com que ele pronunciou a última palavra me vez interrompê-lo.
-Você quer dizer que não houve coincidência nenhuma? Que ele fez de propósito, para mim saber que ela esta bem, esta namorando, e me deixar pior ainda?
-Não, não é isso. Em primeiro lugar, você é a coisa mais importante na vida dele.
-Então, se é assim, por que ele me disse tudo aquilo? Por que ele me fez sofrer? Por que ele esta com outra, e não comigo ?
-Não existe outra.
Nada mais fazia sentido. Eu estava em um pesadelo ou isso era real ?
-Como não existe outra ? E a namorada dele ?
-Ele não esta namorando. Você a viu ?
-É..não. Mas isso não significa que ela não exista.
-Preste bem atenção, a história talvez seja um pouco complicada. Ele te deu algum motivo por estar terminando com você ?
-Não.
-O que você acha que seja?
-Ele me odiar. Alguém ter dito alguma coisa para ele. Outra que me substituiu.
-Nada disso. Nem era para mim estar aqui. Ele pediu para que eu guardasse segredo. Cheguei a jurar para ele que não te contaria. Então, estou depositando toda a minha confiança em você. Ele não quer te machucar. Ele não quer te ver sofrer. Ele te ama mais que tudo e acima de todos, me disse isso a duas semanas atrás. E ele terminou com você por não querer te ver sofrer ainda mais. A 'namorada' era para você ver que ele, supostamente, já havia te esquecido e que era para você fazer o mesmo.
Eu estava muito confusa. Como isso? Ele me ama?
-Ele terminou comigo porque me ama? É isso?
-É.
-E isso tem algum motivo que eu seja capaz de entender?
-Tem. Ele esta com câncer no pâncreas. O câncer já afetou vários órgãos, e por isso é considerado irreversível.
Eu estava chorando desesperadamente. Ele iria morrer. Sim, eu sei que todos vamos morrer, mas eu não esperava isso tão..tão cedo! Eu preferia ter sido trocada por outra que isso. Qualquer coisa a isso! Minha vida iria perder o sentindo.
-Esta vendo, por isso ele não queria que você soubesse. Ele sabia que essa seria a sua reação. Ele te ama muito, não queria te ver sofrer. Ele só se afastou de você para que quando ele morresse, o impacto não fosse tão grande para você. Estar longe de você esta prejudicando ainda mais a ele. A noite, ele começa a falar seu nome, inconsciente. Ele parou de sair desde que terminou com você. Ele prefere sofrer junto com você. Ou sofrer no seu lugar.

domingo, 21 de junho de 2009

Cada vez mais (parte IV)

O silêncio é a mais sincera e complexa resposta que se pode dar. O silêncio nos confirma o que antes era temido. O silêncio nos mostra a verdade. Faz com que paremos e pensemos. É profundo e acalma. Ou faz com que o desespero que antes cobria apenas uma parte do nosso ser tome conta dele inteiro.

Não me importava quem estava no telefone. Será que ninguém se importava mesmo comigo? Tudo bem, quem estava ligando talvez quisesse saber se eu estava melhor. E digo isso com tanta certeza porque nessa cidade qualquer coisa que você faça, dois minutos depois, noventa e sete por cento das pessoas já sabem.E isso talvez seja um dos incontáveis motivos por eu odiar aqui. E, quem estava no telefone, se realmente queria me ver melhor, acho que devia me conhecer o suficiente para saber que falar com alguém agora pioraria ainda mais as coisas, eu seria dominada pelas minhas lágrimas. Então, quem estava no telefone teria que se acostumar com o vácuo. Fosse quem quer que fosse.
O telefone parou. O silêncio tomou conta da casa. E de mim. Era medíocre, egoístico e masoquista, mas eu preferia ficar trancada no meu quarto escuro e silencioso que ir me abrir com alguma pessoa que eu tivesse certeza que iria me ouvir e me aconselhar.
O tempo passou, e o telefone tocou de novo. Agora eu estava totalmente sem forças para me levantar e ir atender, ou mesmo ver se o número era conhecido. Meu travesseiro já estava completamente molhado. Senti que minha cabeça estava pulsando demais, a ponto de explodir a qualquer momento. Eu estava tremendo, mesmo coberta com sete cobertores. Minha garganta doía de tantos soluços. Eu provavelmente estava rouca. Ou sem voz.
Eu sabia que não iria conseguir dormir e que estava agindo como uma perfeita idiota. Mas não tinha forças, vontade ou intenção de fazer diferente. Sim, eu estava sendo exageradamente masoquista.
E de novo o telefone toca.
Eu estava decidida a não atender. Eu não iria atender. Até que alguém tocou a campainha. A, deveria ser importante e a pessoa talvez fizesse parte dos três por cento da cidade que ainda não sabiam do meu caso. Droga, eu teria que ir atender. Ou a pessoa desinformada chamaria a polícia, bombeiro, sei lá, pensando que eu havia morrido.
Coloquei um chinelo e fui descendo os quinze degraus que mais pareciam cento e quinze. A pessoa estava descontroladamente desesperada, não parava de tocar a campainha. Cara, eu estava indo! É tão difícil assim esperar? Tudo bem que já faziam três minutos, mas mais um não iria matar ninguém, poxa! Ou iria? Ok, era melhor eu descer mais rápido. Finalmente, cheguei na porta. Minha aparência não deveria estar nem um pouco boa, porque quando o irmão dele me viu quase teve um ataque de risos.
- Gustavo! - sim, eu estava rouca.
- A cara, você não tem ideia do que aconteceu !
- Era você no telefone ?
- Sim, por que você não atendeu ?
Ok, por que eu não atendi? Porque seu irmão, a pessoa que eu mais amo nesse mundo não se importa nem um pouco comigo.
O silêncio serviu de resposta para ele.
- A, me desculpe por ligar tantas vezes e vir na sua casa agora, no seu estado. E desculpe meu irmão também. Ele não sabe o que está fazendo.
- Como não sabe ? Ficou claro para mim que ele não se importa nem um pouco comigo, que qualquer coisa nesse mundo é mais importante que eu para ele. - quando eu iria aprender a controlar minhas lágrimas? Será que um dia eu iria ?
- É exatamente por isso que estou aqui.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Cada vez mais (parte III)

E de repente você sente que não vai mais aguentar. Que o mundo vai desabar nas suas costas e que você vai ser enterrado vivo. Que o ar vai ficando cada vez mais rarefeito...Até que a base da sua vida definitivamente acaba, e você sabe que é inútil tentar respirar.

Com aquele olhar angelical, o sorriso mais doce de todos ele respirou fundo e com um ar meio irônico me cumprimentou.
-Oi, quanto tempo! Tudo bem?
Como ele conseguia? Ele mentiu, me enganou, me fez acreditar que seria para sempre, deixou meu rosto inchado depois de dias e dias chorando porque ele tinha me abandonado; e agora vem perguntar se está tudo bem. Ah, não. Não está nada bem. Eu ainda te amo, e você sabe disso e fingi não saber. Eu passo o dia pensando em você, totalmente fora do mundo que o meu corpo está e do mundo que seria considerado real. Você me engana, faz eu acreditar no seu 'pra sempre', diz que me ama e simplesmente me esquece. Não, não está nada bem.
-Oi, é, muito tempo mesmo - duas semanas,desde que tudo havia acabado - É, tá tudo bem. E com você ?
Nessa hora eu percebi que a Júlia saiu da loja, talvez para nos dar mais privacidade.Não consegui juntar as forças - nem as palavras - suficientes para dizer tudo o que eu estava pensando.
-Bem. A, eu tenho que ir. Minha namorada está me esperando. Tchau !
Opa. Namorada?
-Tchau.
Eu percebi que meus olhos ficaram vermelhos. E foram se inchando. Até que eles não suportaram mais e as lágrimas escorreram pelo meu rosto, borrando o lápis preto e fazendo com que algumas pessoas curiosas olhassem para mim. Peguei duas peças de roupas, sem ao menos saber o tamanho ou a cor deles e entrei no provador. Fechei os olhos e comecei a chorar em silencio. Minhas mãos começaram a tremer, eu comecei a ver as coisas rodarem. Eu não podia desmaiar lá, e no meu estado. Respirei repetidas vezes, ofegante. Tudo parecia ter voltado ao normal. Abri meus olhos, me olhei no espelho. Tenho a mais plena certeza de que se uma criança me visse no estado que eu estava ia se assustar e sair correndo. E talvez, não só crianças.
Consegui tirar toda a maquiagem do rosto e arrumar meu cabelo. Sai do provador e olhei que horas eram. Nove e quinze. Iríamos embora as onze. Fui procurar a Júlia. Ela estava com os outros, eles haviam decidido ir embora mais cedo. Ou eu tinha muita sorte ou a Júlia desconfiou do que aconteceu e contou para eles.
Me deixaram em casa. Arranquei as sandálias e joguei-as em qualquer lugar. Corri para o meu quarto e o telefone tocou.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Cada vez mais (parte II)

Talvez sair fosse realmente a melhor solução. Talvez ver pessoas felizes me faria bem e eu esqueceria que você existia. Talvez tudo isso tenha sido um pesadelo e eu iria acordar. Talvez não.

Se eu ficasse dentro de casa eu corria um grande risco de agir por impulso e fazer alguma besteira. De talvez ligar para ele e dizer tudo o que eu estava sentindo ainda na esperança de que ele viesse me salvar, de que ele dissesse que estava arrependido. Em quanto eu tinha consciência dos meus atos e suas devidas consequências, achei melhor aceitar os convites e sair. Pelo menos assim eu tinha mais uma chance de me distraír e esquecer dele.
Liguei para a Larissa, querendo saber se o convite ainda estava de pé. Sim, estava. Eles iriam sair em meia hora e passariam em casa. Corri, tomei um banho, troquei de roupa. Meu cabelo estava bem mais apresentável que de manhã. Aproveitei e deixei ele solto mesmo. Quando terminei de calçar as sandálias, a campainha tocou. Peguei minha bolsa, e desci a escada correndo, mesmo sabendo que não era necessário e que as chances de eu cair e piorar ainda mais as coisas eram grandes.
Abri a porta, Larissa, Júlia, Tiago, Lucas e Felipe estavam do lado de fora me esperando. Me desculpei por só confirmar de última hora, e entrei no carro com eles. O clima era bem leve, diferente do qual eu estava vivendo há duas semanas. Por um momento esqueci de tudo, e comecei a rir. Todos olharam para mim, sem entender o motivo do riso. Para falar a verdade, nem eu sei qual foi. Mas naquele momento eu me senti incrivelmente bem. Foi apenas por um momento. Depois eu me lembrei qual era o motivo principal de minha presença lá e o clima ficou mais pesado.
O carro parou no shopping, descemos. O movimento lá era claustrofóbico. Nos separamos e definimos um horário para nos encontrarmos.
Fui com a Júlia ver uma loja de roupas, e quando olhei para o lado ele estava lá, me olhando. Fiquei paralisada por um momento, até que ele tomasse a iniciativa e me chamasse.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Cada vez mais (parte I)

Eu acreditava que com o tempo iria me esquecer de você. Que somente o tempo seria necessário para esquecer que eu te amava e que eu precisava de você. De você do meu lado, como antes. E que eu me esqueceria de todas as suas mentiras. Agora percebo, quanta esperança, quanta infantilidade!

Quando eu abri meus olhos, tive plena consciência de que esse seria mais um dia sem você. Consegui reunir forças suficientes para pelo menos me sentar na cama. E levantei.
Troquei de roupa, tentei deixar meu cabelo o mais apresentável possível, não obtive muito sucesso. Com a chuva o efeito da chapinha seria contrário. Prendi o cabelo em uma trança e fui na cozinha. Abri a geladeira. Mas você não estava lá dentro com seus braços estendidos dizendo que se arrependeu de tudo e me pedindo para ficar com você, que isso era o que você mais queria; como nos meus sonhos. Droga, você realmente não estava lá.
Eu precisava ocupar a minha cabeça com algo. Você me deixava transtornada. Minha mente ligada a você.
Saí. Não sabia direito onde iria, mas mesmo assim saí. Andando pelas ruas, vendo casais se abraçando. Novamente me lembrei de você. Tudo me levava a você. Tentei me concentrar na música que tocava no meu Ipod. Agitada demais para meu estado de espírito. Eu ainda não sabia onde ir. Já estava andando há uma hora e meia.
Decidi ir para o clube. Lá eu encontraria alguma coisa para fazer.
Mais uma hora de caminhada. Já era hora do almoço, eu não estava com fome. Cheguei no clube e me deparo com mais casais de abraçando. Não aguentei. Tinha plena consciência quando saí de casa que veria isso. Mas parecia que o mundo inteiro dizia 'Hey, ele não te ama. Ele não está aí do seu lado te abraçando.' Já era demais. Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Só me dei conta disso quando uma pessoa tocou minhas costas e perguntou se estava tudo bem. Eu não conhecia quem era, apenas respondi que estava, obrigada. A mulher não estava convencida, mas acho que entendeu qual era meu problema quando viu que eu estava sozinha no parque lotado de casais. Ela se afastou e deu um sorriso.
Eu tinha que voltar para casa. Lá pelo menos eu poderia chorar sem que as pessoas tivessem pena de mim. O caminho foi doloroso mais uma vez.
Consegui chegar em casa sem derramar nenhuma lágrima. Deitei e dormi.
Quando acordei, já eram oito oito horas da noite. No meu celular tinham vinte e duas ligações perdidas e treze mensagens. Todos me chamando para sair. Todas de meus amigos, nenhuma dele.
Ok, seria esperar demais uma mensagem dele. Mas como qualquer garota apaixonada eu tinha esperanças.