terça-feira, 9 de março de 2010

Para todo o sempre


A janela transparente acusava a chuva que começava a cair. A sala estava se tornando vagamente escura, e, a temperatura havia caído bruscamente nos últimos dias, transformando o momento em ideal para dormir, ler ou assistir algum filme. Mas, não poderia ser assim. Não quando eu tinha algo de extremamente importância para fazer. Algo que eu havia adiando a semanas. Nem imagina o arrependimento que isso me traria. Mas, as coisas aconteceram dessa forma, o passado não pode ser mudado. A única alternativa aceitável para tentar reparar o erro era agir, imediatamente.
Então, levante-me do sofá. Confesso que foi realmente lamentável sair de lá. Eu estava deitada a algum tempo, apenas pensando, não fazia ideia do tempo que havia passado, se haviam sido minutos ou horas inteiras. Lembrei a mim mesma que toda a minha concentração deveria estar voltada ao que eu estava prestes a fazer. Ao que provavelmente mudaria o rumo de uma vida.
E o tempo passava. Cada segundo perdido parecia afligir-me ainda mais.  Claro, se isso fosse possível.
Olhei o relógio, eu havia estado imóvel, apenas pensando por cinco horas seguidas. Agora o pequeno desconforto que sentia tornou-se claro, fome. Óbvio, a última coisa que eu havia ingerido  foi uma barra de cereais, 15 horas atrás. Meu cérebro estava ficando estranhamente...diferente. Não sei o motivo, mas estava.
Um movimento brusco fez o mundo girar. E continuar girando até eu perder o controle sobre meu corpo e cair. Minhas forças haviam sido sugadas.  O ar tornou-se rarefeito e tudo a minha volta tornou-se escuro, sombrio e me trouxe uma sensação estranha. Algo como um déjà vu. Então, o mundo real, doloroso e complicado deu lugar a um mundo onde eu criava as regras. Onde eu escolhia o meu futuro e as coisas que aconteceriam.
Então, uma força muito maior tirou-me do meu mundo e trouxe-me de volta a realidade. Mais doce e delicada essa vez. Meus objetivos, planos e propósitos foram todos esquecidos. Afinal, para que se preocupar com o depois quando o agora te envolve e te domina inteiramente? Quando um eu te amo sincero é dito, quando um beijo lhe é roubado?
Lembrei-me de meu objetivo. Mas era tarde demais, ele não era mais válido. Não quando o eu te amo que eu tinha a intenção de dizer, do fundo de minha alma já tinha sido dito. Com atos que foram capazes de eternizarem o momento. Para todo o sempre.

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